Mercado de ciganos do Feijó à espera de solução
Há quase dez anos à espera de uma solução, os vendedores do Mercado de Levante do Feijó (mercado dos ciganos), em Almada, já não acreditam que este mercado seja transferido para outro local ou sequer melhorado. Queixam-se do calor, do estacionamento e dos perigos que advém de uma cobertura feita com toldos, do pouco espaço entre as bancas e da vedação que circunda todo o mercado. “Em caso de incêndio vamos todos à vida”, salienta José Grilo, um dos vendedores do mercado, que considera que as cinco saídas existentes seriam “insuficientes num caso destes”.
“Morangos de estufa no verão”, é assim que Susana, de 23 anos, e também ela vendedora, classifica não só quem ali trabalha de terça a domingo, mas também quem frequenta o mercado. “É um calor que não se pode no verão”, explica. A cobertura do mercado “está mal feita”, refere outro vendedor que preferiu não se identificar, “se estiverem 30 graus na rua aqui estão 60”, situação que “já originou vários desmaios”.
Além disso, no Inverno a água “não escoa para os lados, mas sim para dentro, estragando a mercadoria”, acrescenta o mesmo vendedor. A única solução é mesmo “matar a Maria Emília” (presidente da autarquia de Almada) que “não tem qualidades para os pequenos, só para os grandes”, exalta-se.
O mercado, situado junto a uma via muito movimentada que dá acesso à superfície comercial Almada Fórum, causa também inúmeros constrangimentos de trânsito, devido à falta de estacionamento, o que leva os vendedores a deixarem as carrinhas estacionadas em cima dos passeios junto ao mercado. Os que visitam o mercado também não têm onde estacionar e acabam por fazê-lo em locais proibidos, “depois vem a polícia e multa-os, o que faz com que as pessoas desistam de aqui vir”, conta Luís Silva, vendedor de fruta que também já não acredita num novo mercado.
Também os que frequentam o mercado se queixam da falta de condições do mesmo. É o caso de Maria do Carmo, que refere sobretudo “o calor que ali faz no verão”. Maria Isabel Marques, de 52 anos, frisa a necessidade de “uma instalação nova” e “o perigo que os toldos representam”. Também ela já vendeu fruta naquele mercado, mas apenas nas instalações antigas, que até 1996 ficavam na Praça da Liberdade, em Almada. Mas nesse ano, com a requalificação do espaço, onde se encontra actualmente o Fórum Municipal Romeu Correia, o mercado deslocou-se provisoriamente para o Feijó.
A Câmara de Almada diz ter “muitas preocupações relativamente a este mercado”, que “não apresenta condições, sobretudo a nível de estacionamento” e defende “estar a estudar que projecto irá fazer para ali”, ainda não tendo decidido se “o mercado, com 330 lugares para venda, fica ou sai dali”, explicou ao “Setúbal na Rede” o vereador dos Serviços Urbanos.
Carlos Revés prefere não adiantar datas, mas afirma que a autarquia “quer resolver esta questão a curto prazo”, apontando o início de 2007 para uma decisão quanto ao futuro do Mercado de Levante do Feijó. No entanto, já em 2003, confrontada com as preocupações da população desta freguesia, a câmara disse “estar a elaborar um minucioso estudo sobre o funcionamento daquele mercado para apurar as características que o novo mercado deverá possuir”.
In Setúbal na Rede
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