Cantar Abril

As comemorações do 25 de Abril costumam ser animadas pelo Lado Certo, talvez por influência partidária das autarquias, que continuam a celebrar o dia da Liberdade, chamando para si a responsabilidade de relembrar uma memória que para muitos é presente e para outros nem tanto.

Tendo nascido no pós-25 de Abril, nunca vivi de perto as emoções experenciadas por outros e que todos os anos a imprensa nos mostra. De qualquer forma, tenho gosto em comemorar de alguma forma este acontecimento, algo que os municípios da Margem Sul fazem questão de não pôr de lado.

Embora não tenha muitos anos de moradora na Margem Sul, já assisti a algumas noites 24/25 animadas quer em Almada quer no Seixal. Mas ontem decidi-me pelo Seixal e deixei de lado o tradicional (e longo...) discurso da Dª Maria Emília, a música "Grândola Vila Morena", e os cravos vermelhos atirados para a multidão, pois o apelo musical de um grande grupo português denominado "The Gift", foi mais forte.

Sendo assim, desloquei-me ao Seixal, onde uns Gaiteiros (de Lisboa) já animavam a malta. A fome já apertava, e apesar do apelo das tradicionais barraquinhas de venda ambulante, os couratos, os cachorros, as farturas,...acabaram por não me seduzir o suficiente. Às 0h a baía do Seixal iluminou-se, e lá arderam uns quantos milhares de euros para o ar, mas o povo gosta das festas, dos foguetes, e até dava para ver, em simultâneo, arder os milhares de euros de Almada... Em Almada o fogo de artifício acabou mais tarde, mas também começou mais tarde. Foi o discurso da Dª Maria Emília, pensei eu...

Os VIP's do Seixal lá estavam, numa zona VIP improvisada, confraternizavam de copito na mão com vista para os camarins dos artistas da festa. E foi por volta das 0h30 que chegou o momento mais esperado da noite, a actuação dos "The Gift" que não desiludiram, apesar da chuva que ia caindo, cada vez com mais intensidade. Os resistentes como eu ficaram até ao fim, em pé, à chuva, pensando o quanto é difícil e não "fácil de entender" todos os problemas que a vida nos coloca.