quinta-feira, janeiro 11, 2007

Ainda o Raking das Cidades «EXPRESSO»





Afinal, aqui pelo Lado Certo, devemos contentar-nos com o lugar atingido pelas nossas cidades (será mesmo?). Apesar das classificações atingidas por Almada (34º), Seixal (37º) e Barreiro (39º), é na outra margem que está a pior cidade do país: A Amadora.



Cada critério foi avaliado numa escala de zero a 100 pontos. Lisboa lidera o ranking do «Expresso», seguida pelas cidades de Guimarães (1.275 pontos), Évora e Porto (ambas com 1.230), Aveiro (1.220) e Angra do Heroísmo e Coimbra (ambas com 1.210).


O Notícias da Amadora procedeu a uma outra leitura, com base nas classificações atribuídas pelos jornalistas do «Expresso». A classificação máxima do ranking poderia atingir 2.000 pontos. Lisboa obteve 1.305 pontos, registando um desempenho de 65,25 por cento no conjunto dos 20 critérios. No final do ranking ficou a Amadora, com 770 pontos e um desempenho de 38,5 por cento. Mas é, também, a pior cidade em seis critérios.


Mais três cidades da Área Metropolitana de Lisboa ficaram neste intervalo: Almada, em 34ª posição, com 895 pontos (44,75%); Seixal, 37ª, com 850 pontos (42,5%); e Barreiro, 39ª, com 830 pontos (41,5%). (...)


A Amadora é a pior, com outras quatro cidades, no critério de capacidade de atracção estudantil, com uma pontuação zero (ver quadro). As restantes cidades são: Barcelos, Amarante, Lamego e Seixal. A melhor é Lisboa com a pontuação 85.


O património confere também à Amadora a pior classificação isolada, enquanto a melhor é ocupada por Guimarães (85 pontos). A Amadora também está isolada na pior prestação quanto à relação com a água e com a paisagem. Neste critério, a melhor é Aveiro (80 pontos). Na qualidade dos espaços públicos a Amadora detém a pior posição, acompanhada pelo Barreiro. As melhores são Beja, Évora, Guimarães, Matosinhos e Tavira (70 pontos).


Mas em qualidade urbanística também a Amadora compartilha com Portimão o pior lugar. As melhores são Angra do Heroísmo, Évora e Guimarães (70 pontos). Por último, a segurança coloca também a Amadora isoladamente no final da lista. As cidades mais seguras são Abrantes, Angra do Heroísmo, Barcelos, Beja, Caldas da Rainha, Évora, Funchal, Horta e Silves (70 pontos).


Nos restantes 14 critérios, a Amadora obtém cinco pontos em alojamento turístico, 35 pontos em animação nocturna, 40 pontos em fluidez de tráfego, espaços verdes e governança e cidadania, 45 pontos em restauração, 50 pontos em equipamentos desportivos, 55 pontos em acessibilidades, sinalética, estacionamento e equipamentos sociais, 60 pontos em oferta cultural, comércio e desempenho económico.


(...) Aliás, a realidade da cidade da Amadora tenderá a piorar à luz de alguns dos critérios utilizados pelos jornalistas do «Expresso», como tem acontecido nos últimos anos.


O aumento da pressão urbanística vai degradar o desempenho da cidade a diversos níveis. Um estudo das investigadoras Ana Paula Delgado e Isabel Maria Godinho, da Faculdade de Economia do Porto, indica que, entre 1864 e 1991, cidades como Queluz, Amadora e Odivelas, na região de Lisboa, ou Ermesinde, Maia e Matosinhos, na zona do Porto, estão entre as que mais subiram no ranking populacional. A tendência prosseguiu entre 1991 e 2001, à custa das cidades de Lisboa e Porto, que perderam milhares de habitantes.


O crescimento exponencial do número de habitantes tem incidência em indicadores como qualidade urbanística, acessibilidades, fluidez de tráfego e qualidade dos espaços públicos, entre outros. A reduzida área do município e da cidade da Amadora e os preços especulativos do solo constituem óbices à construção de espaços verdes e de equipamentos sociais que melhorem a qualidade de vida.


Por outro lado, nos últimos anos acentuou-se na Amadora a degradação do património construído e simbólico. O que ocorre em simultâneo com a redução drástica da oferta cultural na cidade. É paradoxal que exista uma Escola Superior de Teatro e Cinema na Amadora e não haja um cinema nem um teatro em funcionamento no concelho e que exista uma única livraria.


Daí que a classificação que o «Expresso» atribui à Amadora em matéria de oferta cultural esteja claramente empolada. Não é credível uma classificação da Amadora com 60 pontos quando Lisboa obteve 80 pontos. A deficitária qualidade de vida na cidade da Amadora talvez explique a razão por que muitos dos seus autarcas residam fora do concelho. E que também fora do concelho procurem a oferta de lazer. O crescimento da Amadora não é acompanhado pelo desenvolvimento dos seus indicadores de qualidade de vida."



Muitas das afirmações contidas neste artigo de análise dão que pensar e poderão, em alguns casos, adaptar-se a muitas realidades que se passam também deste lado, o Lado que se quer Certo.